Friday, December 19, 2014

TIM MAIA

tIM mAIA - novinho
Não tenho o hábito de planejar passo-a-passo o que pretendo fazer quando saio para me divertir ou simplesmente vagar para fazer novas descobertas. Ao saber pelo noticiário que seria lançado o filme do Tim Maia, pensei logo que seria alguma coisa bizarra, tipo um sujeito estranho imitando-o sem brilho e contando estórias que muitos julgam saber. E além disso, escondendo coisas de fato relevantes sobre aquele que não recebeu o título de majestade, mas que se comportou como tal. Como o rei dos reis da música popular brasileira (podem não concordar, mas ao menos fica a brecha para o debate no botequim) e que iriam desmascarar o monarca fajuto que está até hoje surfando na personagem que inventaram para ele. Mas, isso é outra estória, outro texto. Quando vi os atores que encenavam, me encantei. Falei comigo mesmo, lá no fundo: - Esse trabalho deve ser sério. Aliás, esse trabalho é sério. Não me restou aumentar a vontade de ir ao cinema. Mas desde que vi o noticiário, o tempo foi passando e já me habituava com a ideia de mais um filme que saia de cartas e eu não colava pra assistir. Pois já gostei mais de cinema, mas de uns tempos para cá, tenho desistido de ficar em frente à telona por achar que jogo dinheiro fora, não pela qualidade dos filmes, mas pela minha total incapacidade de me manter de olhos abertos durante a seção. Acho que isso é exagero, mas me acostumei a não frequentar mais as salas cinematográficas. Quando criança, era emocionante ir ao cinema de Madureira com minha mãe durante as férias. Via todos os filmes em cartaz. Depois, o senso crítico foi se instalando, se consolidando e fiquei meio chato com qualquer filme. Mas o do Tim chamou minha atenção. Não ia acontecer como foi, quando entrei no cinema para dormir. Descansar para continuar na folia no cinema do Passo Imperial. Nem olhei o que estava em cartaz, paguei, sentei na poltrona e fechei os olhos. Era carnaval, eu estava virado e queria continuar na festa da carne que já se iniciava. Era o lugar mais barato para eu tirar uma soneca. Ledo engano o meu. Quando começou o filme (Edukator), logo percebi o tom do enredo e que descompassou o meu samba. Não tive coragem de manter os olhos cerrados, assisti ao longa como se não houvesse amanhã, não retirei o cansaço do corpo e voltei para Belford Roxo sem dar continuidade naquele carnaval que se iniciava. Acontece! Quase que isso vira uma maldição na minha tensa relação com o cinema que se inicia desde então. Deixa eu contar outra estória, daqui há dois meses, faço parabéns de dois anos na selva de pedra e não me recordo de ter ido ao cinema uma única vez. Mas, vinha bem disposto a reverter essa situação. Num dia dessa semana, depois de ver algumas pessoas tecendo comentários interessantes sobre o filme, pessoas que respeito e admiro, fui colocar meu plano em prática. Cheguei mais cedo na dermatologista que cuida da minha foto-sensibilidade, mas a insensível da atendente que inflexivelmente, me fez aguardar quase duas horas, por que a doutora (que só tem graduação) não atende se não for na hora, e na hora que foi marcada a consulta. Tá legal, até aceitei o argumento. Mas, ao sair do consultório, quase que voei no pescoço dela, mas ia perder a seção, então voei em direção ao cinema mesmo. Para minha decepção! O filme do Tim estava em cartaz, mas só era exibido às 13 horas. Isso já era final do dia. Fiquei pensando que o cinema estava priorizando outros filmes em detrimento desse, que talvez esse não tivesse tendo o público esperado e lembrei de uma matéria que li sobre filmes de uns globais famosos, alguns até talentosos como atrizes e atores, mas que não atingiram o público que a mídia considera razoável. Voltei para casa e no dia seguinte ao sair do trabalho, decidi que ia voltar a escrever, voltar a escrever no blog. Para isso precisava ler poesia, abastecer a poésis. O plano já estava armado mais uma vez. Ia passar na livraria. Comprava um livro. Assistia o Tim. Jantava. Ia pra casa. Lia umas duas ou três poesias e num passe de mágica o texto sairia como numa seção mediúnica. Como meus planos não são seguidos da forma como são concebidos, fui ao cinema primeiro. Na verdade era outro cinema, maior, com várias salas de exibição e me deparo com algo mais agradável em relação ao dia anterior. Havia dois horários para assistir ao Tim, um já havia passado, horário de almoço de novo e o outro era às 22 horas, olhei no relógio e ainda eram 18. Pensei: - Num vou assistir. Tá de sacanagem! Mas, aí fui à livraria, peguei uns livros, fiquei lendo, deixei que me escolhessem, jantei, tomei café e a hora avançava pacientemente. Já estava super-feliz, ia ver o Tim. Faltando uns quinze minutos lembrei do caráter ainda provinciano de algumas partes da cidade de São Paulo, pois ao término da seção não teria táxi, não teria ônibus e, com a tosse que estou, não teria pernas suficientes para chegar à casa. Montei, foi no porco e sai de fininho. E o Tim? Hum, o Tim, ficou pra amanhã. Para depois de amanhã, quem sabe prum dia desses. 

leo bento
Limoeiro. 19 de dezembro, 2014